Existe um mundo que não cabe em mim, e este mundo pulsante e querendo asas , vai estar em Renatiando!

terça-feira, 20 de julho de 2010

De tanto bater, meu coraçao parou......

Estou aqui, na minha hora do almoço sentada na frente do computador escrevendo. Por profissão sou cirurgiã-dentista e a anos tenho por hábito, escrever. Por algum tempo deixei a escrita de lado e não a desenvolvi, em nome do foco profissional ou sei lá do que, quase uma paralisia frente a busca do futuro, da grana, da estabilidade. Por sorte, por tropeços, por novos caminhos retomei este hábito e hoje, existem estes espaços incríveis virtuais que podemos escrever livremente , sermos lidos e ler coisas novas diariamente.


Assim, atenta e observando a vida e até meus próprios sentimentos como uma espectadora afoita por novas estórias e sensações, me sinto viva, pulsante, meu cotidiano é corrido, é stressante, é repetitivo, mas, escrevo e faço minhas artes, e isto tira qualquer tédio ou mediocridade da minha rotina.


Então, estou aqui, na minha hora do almoço. Escrevendo, poderia estar almoçando e dando uma descansada, mas, escrevo. A noite quando chego em casa, poderia descansar e dormir, não, corro para fazer meus artesanatos. E alguém pode perguntar, POR QUE? Onde isto vai te levar? O que vai lucrar com isto?


Foi esta pergunta que o amigo esqueroso do Tom, lá pelo meio do filme fez a ele, no meio da tensão enorme que ronda a vida do rapaz que agarrado na possibilidade tardia de se tornar um pianista, se angustia com a entrada da arte em sua vida, expondo a crueldade e frieza da sua vida medríocre de corretor de imóveis em Paris.


O filme “De tanto bater, meu coração parou” é intrigante, nos envolve em um choque de extremos, entre o que queremos ser, o que a nossa família nos molda a ser, entre arte e cotidiano, entre o trabalho da onde vem o nosso sustento e o que realmente nos faz sentir bem e felizes, entre o que importa e o que não tem grande importância. Ufa, e tem ainda a trilha sonora que também é feita de extremos e oscila o tempo todo entre um pop electrónico e música clássica. Tom é tenso, ansioso, trabalha no mercado imobiliário em negócios escusos, seguindo os passos do pai, um velho decadente e que mantém o controle sobre o filho usando de clássicas chantagens emocionais familiares. O extremo vem a tona quando o rapaz encontra casualmente o ex-empresário da mãe ( uma pianista famosa), que não conhecendo a atual realidade do moço, sugere para que ele faça uma audição de piano, algo extremamente distante da sua vida capitalista, dura e bruta.


E muito interessante como Tom, se liga aquela nova oportunidade, procurando estudar novamente piano todos os dias e como a música o faz desligar do cotidiano, o fazendo enojar dos amigos, do meio e das atividades ilícitas do trabalho e como o cotidiano o agarra perigosamente o pressionando de todas as formas. Vivendo nos extremos, leva um pouco da fluidez da música e arte para seu cotidiano e a ansiedade e tensão para a música, ficando a maior parte do filme nesta tensão.


A filme levanta algumas questões angustiantes. Talvez todos nós as temos quando precisamos tomar decisões importantes, aquelas que mudaram ou podiam ter mudado o rumo das nossas vidas, salienta como o curso da vida nos agarra com tentáculos firmes e como influência da formação familiar em nossas vidas, nos molda incrivelmente , sendo um contraponto entre o que somos, o que nos tornamos e o que desejamos.

No outro extremo, a questão crucial que se em algum momento da sua vida não levantou, ainda vai levantar, sobre o lugar que o trabalho-emprego e o trabalho-prazer tem em nossas vidas. Como conciliiar isto? Quando é hora de mudar, se é necessário mudar ou se uma mudança é só para mascarar uma realidade que precisa ser encarada. Quando um hobbie é apenas um hobbie ou quando ele pode ocupar o espaço do seu trabalho-sustento?


Quando o amigo pressiona Tom, que sua e fuma compulsivamente, perguntando, PARA QUE DIABOS QUER TOCAR PIANO? Ele diz tenso, trêmulo, “SINTO-ME BEM”.


Mas, não se engane. A vida não é um “happy end” assim como o filme não o é. A vida segue seu rumo, e involutariamente ou sem forças para fazer nossas vontades genuínas, as escolhas cómodas na maioria das vezes ganham e novos ciclos repetem a força da nossa formação familiar.

Intrigante. E ainda não falei da professora de piano chinesa…..

Um comentário:

  1. De tanto bater, meu coração parou? De tanto bater, meu coração vibrou e assim descobri que eu estava vivo, intenso e forte. De tanto bater, vi que cada batida era muito grande para mim e necessitei compartilhar cada batida com alguém que amo. As batidas do meu coração batem forte pelos meus amigos, batem forte pelo meus familiares, batem forte pela minha adorada Sherry. Enfim bater faz parte das atividades do meu coração e cada batida soa como um "eu te amo".

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